Casa dos Terraços Circulares

A casa dos terraços circulares é parte de um jardim projetado para o desfrute do bosque de mata atlântica. Seu terreno, situado em um fundo de vale, não oferece um horizonte marcante. Nele, a paisagem é o grande espaço delineado pela copa das árvores. Confrontando a pendente natural do lote com as clareiras existentes, estabelecemos patamares em meio-nível. A casa se organiza nestes platôs, através de seu corte longitudinal, com usos coletivos mais próximos à rua e usos privativos mais próximos da divisa.

O movimento estabelecido pelo desenho do chão garante o caráter espacial dos diferentes ambientes da casa, com seus pés-direitos variando em relação à cobertura horizontal. Uma varanda suspensa cobre a garagem e espelha a cota dos dormitórios – disposição onde a arquitetura ecoa a geografia do vale. A geometria da casa é ortogonal, compatível com sua estrutura pré-fabricada em madeira.

A geometria do jardim é estabelecida por curvas, buscando a melhor forma estrutural para os muros de arrimo e o encaixe adequado entre as árvores. Todos os ambientes possuem pelo menos dois acessos, reafirmando a ideia de percurso circular. A contenção formal da casa contrasta com o perfil movimentado dos terraços circulares, sugerindo uma inversão da relação tradicional de subserviência entre embasamento e edificação. Neste caso, a regularidade da cobertura é o que suporta a variedade do desenho do chão.

Sítio Rio Acima

A intervenção realizada no Sítio Rio Acima foi pensada como uma costura, junção possível de tempos diversos, criando um sentido de conjunto. O sítio é utilizado há mais de quarenta anos por diferentes gerações da mesma família. O primeiro desafio do projeto foi lidar com as preexistências do local – construções muito díspares entre si, feitas em períodos distintos, mas de valor afetivo para os clientes – e as da região – um bairro na fronteira urbana de Jundiaí onde o passado rural e o ar interiorano se misturam com galpões, antigas chaminés e outros símbolos da industrialização nem tão recente da cidade.

As construções novas foram realizadas em alvenaria tijolo maciço, um material até então ausente no sítio. Abundante nas olarias do entorno, o tijolo traz a marca da chegada das primeiras fábricas e estruturas ferroviárias na cidade, como a ponte torta.

A entrada se dá na parte baixa do terreno, onde uma via de acesso margeia um pequeno lago e delimita um arrimo curvo de concreto ciclópico. Este muro de contenção abriga uma vaga de automóvel e suporta o patamar da casa do caseiro. Diversos elementos desta casa remetem à arquitetura caipira ainda presente na vizinhança, como o alpendre sombreado e contido entre dois volumes cegos que alude às antigas casas bandeiristas.

Subindo pela via de acesso deixamos a casa do caseiro para trás e vemos a casa principal no aclive à direita. Na baixada à esquerda, a piscina e o quiosque foram complementados por um vestiário com parede em espiral. O vestiário está implantado em oposição ao quiosque, no vértice de um triângulo que se fecha na piscina.

A casa principal é a reformulação de um chalé de madeira com três dormitórios e dois sanitários. O banheiro da antiga suíte foi demolido para que o espaço, dividido, abrigasse dois quartos na casa existente e dois banheiros em um anexo ao fundo, fora do corpo da casa. Nos quatro dormitórios, as janelas foram substituídas por portas balcão com venezianas, estendendo o espaço dos cômodos por novas varandas cobertas por pérgolas.

A área de convívio foi reformulada para se adequar à nova capacidade da casa. Cozinha e sala de jantar foram redistribuídas na ala social do chalé com o acréscimo da sala de estar: um volume cúbico de teto abobadado. Externamente, o volume da sala de estar se alinha à cumeeira do telhado, ao passo que a linha do beiral existente se desdobra nas abas de concreto que protegem a caixilharia de madeira.

A espacialidade dessa casa deve muito ao perfil de sua cobertura. O movimento do forro de madeira que acompanha o desenho do telhado encontra uma repercussão inusitada na abóboda cerâmica da sala, banhada pela luz do sol refletida na bandeja de concreto e no ofurô externo, delicadamente implantando entre duas gigantescas palmeiras indaiá.

Casa de Meia Encosta

A geometria da construção evidencia o embate entre a pendente natural da encosta e o plano construído. Implantada justamente sobre o muro de contenção – baliza do único patamar disponível neste terreno íngreme – a casa se configura como uma zona de interseção entre montanha e platô.

A obra se situa nos arredores da cidade de São Francisco Xavier, na Serra da Mantiqueira, interior de São Paulo. Um dos desafios enfrentados foi a declividade acentuada do terreno, que já possuía um pequeno terrapleno, remanescente de uma construção antiga. Uma solução usual é construir justamente sobre a área planificada, mas, devido às dimensões do patamar disponível, essa opção levaria a um confinamento indesejável. Como em uma residência de campo as áreas exteriores são tão importantes quanto os espaços do interior, implantamos a casa à meia encosta, liberando a maior parte da área plana do terreno para a vivência do espaço externo. A sala e a cozinha ficam em nível com este patamar, que é animado pelos usos coletivos da casa. Uma grande porta de correr permite que a mesa da sala seja facilmente levada ao jardim, para um eventual almoço ao ar livre. A alguns metros acima do patamar principal estão os três quartos e seus respectivos banheiros, incrustados na montanha. Os quartos são espaços menores e mais escuros que também oferecem a possibilidade de sair em nível com a parte superior do terreno e pisar diretamente a grama.

Para permitir experiências que contrastem com a vida nos apartamentos da cidade, uma variedade de percursos foi proposta partindo do aproveitamento da topografia existente. A inclinação da cobertura remete ao perfil original do terreno, mas é no muro de arrimo que a interface entre natureza e construção encontra a sua expressão mais palpável, portanto o desenho desta peça catalisa boa parte das intenções do projeto. O muro tem em sua extensão quase o triplo da largura da residência, sua continuidade é a extensão da vivenda ao exterior.
A sensação de escala obtida no percurso por este mesmo elemento, quando abrigado ou descoberto, é distinta. A escada que arremata o intervalo desta parede de contenção se repete, espelhada, dentro e fora da casa. Ou seja: sempre que se desce o primeiro lance em direção à sala, de frente e através da vidraça, se vê o lance oposto ascendendo no jardim. Esta imagem, misto de transparência e reflexo, indica que o interior da casa é apenas o trecho ocasionalmente coberto na construção de um recinto mais extenso.
Jogar com a percepção de escala é um contraponto à previsibilidade dos espaços vividos no cotidiano urbano. Esse jogo também é proposto na primeira aproximação da casa, como o acesso voltado à estrada se dá a meio nível, sempre se chega por um pequeno platô elevado que dá a impressão de uma construção menor e mais baixa. Assim o contraste entre a primeira impressão exterior e o espaço amplo e iluminado da área de estar é enfatizado.

 

publicações

Manual of Biogenic House Sections – Oro Editions (set 2022)
The Sunny Side of Life – Braun Publishing (out 2017)
住宅美學Living & Design月刊 – taipei (set 2016)
revista gree – china (março 2016)
estadão – caderno casa (julho 2016)
programa televisivo estilo – arte 1 (junho 2016)
casa e jardim (maio 2016)
galeria da arquitetura (fevereiro 2016)
portal vitruvius (fevereiro 2016)
revista arquitetura & construção (dezembro 2015)
revista projeto design 428 (dezembro 2015)
dezeen magazine (dezembro 2015)
site archdaily internacional (dezembro 2015)
site architizer (dezembro 2015)
casa vogue brasil (dezembro 2015)

reconhecimento

prêmio AkzoNobel/TomieOhtake 2016
top 100 projetos brasileiros -archdaily- junho 2016
seleção de 15 obras brasileiras para a X BIAU
prêmio ebramem/WWF de Arquitetura em Madeira

Atelier Leda Catunda

Leda Catunda está produzindo obras em uma nova escala, com dimensões em franco diálogo com o porte dos espaços de museus e galerias em que expõe pelo mundo. A limitação dos ambientes da casa que a artista transformou em seu atelier ficou pronunciada com a estatura dos novos trabalhos. Desta limitação surgiu o convite para imaginarmos juntos um anexo onde é possível trabalhar com luz natural, pendurar trabalhos maiores, trabalhar sobre as paredes, o piso ou cavaletes suspensos. Dois perfis longitudinais ‘mordem’ a viga de concreto preexistente e conformam o lanternim do anexo. Uma cumeeira que difunde luz ao ambiente. Desenhei uma espécie de varal apoiado em carrinhos no banzo inferior dos perfis metálicos, para a confecção e apreciação das diferentes faces de suas peças suspensas.

As paredes são a principal superfície de trabalho do atelier. Para que a fixação de telas, tecidos e papéis fosse fácil e de baixa manutenção, revestimo-las com compensado pintado de branco. Imaginem o estrago que os pregos cotidianos causariam se a parede fosse deixada no reboco masseado. Para manter as paredes desobstruídas, todas as tomadas foram localizadas na altura do rodapé, na fresta entre o plano de compensado e o piso de cimento queimado. Por fim, um armário de argamassa armada, com apenas 4cm de espessura, abriga o tanque, a tinta e os pincéis.

Casa Diorama

a casa diorama surge a partir da delimitação de um jardim em meio à vastidão da paisagem agrícola da fazenda santa-fé, entre campinas e jaguariúna. o mote do jardim é a articulação de três grandes árvores preexistentes através de um muro branco. a construção funciona como contraponto horizontal à verticalidade dos troncos, e sua superfície cria uma referência dimensional para a magnitude dessas árvores, insignificantes quando dispersas no horizonte rural. a curvatura do muro faz com que o sol sempre encontre um ponto de tangência, criando transições matizadas para sua luz e para a sombra projetada das copas.

o muro delimita um jardim íntimo em torno do algodão-da-china, uma espécie de paineira de floração amarela. na tradição paisagística, os jardins cercados (hortus conclusus) foram imaginados como alegorias do paraíso, evocando mundos à parte. no jardim da casa diorama, o decorrer do dia se apresenta na luz projetada no piso através de uma seteira no muro, formando um relógio solar, e no movimento descrito pela sombra do algodão.

a casa diorama é inteiramente aberta para seu jardim, que é um espaço interno. a membrana que limita casa e jardim é bem delicada, contrastando com o maciço da parede caiada que circunda o pátio.
da casa só se vê a sucessão vertical dos pilares de madeira e o jardim. a marca horizontal que seria deixada por trilhos e guias ficou oculta sobre o forro e no desnível do piso. cada pilar possui sulcos que servem de guia para que persianas de alumínio desçam de dentro do forro para o controle da luminosidade.
janelas do tipo guilhotina, com acionamento por contrapeso e a proteção de telas mosqueteiras, oferecem uma saída regulável para o ar quente na fachada norte. um conjunto de dutos enterrados traz o ar da fachada sul, refrescado pela terra, e insuflado através da base dos armários ou de aberturas baixas nas paredes. na tomada de ar fresco na fachada sul alguns arbustos aromáticos, como o jasmim, farão com que o ar entre perfumado na casa.

Casa Hangar

A casa hangar fica em um condomínio aeronáutico e seu lote está entre uma via de automóveis em sua cota inferior e uma taxiway – para aviões – na porção mais alta. Conciliar a volumetria da casa e do hangar, garantindo unidade arquitetônica, foi tão desafiador quanto dotar o conjunto de acessibilidade para cadeirante em um terreno com 7 metros de desnível. A necessidade de uma casa acessível e a condição de que o hangar precisa estar em nível com a taxiway, para a manobra do avião, apontou para uma solução pavilhonar, térrea e orientada à melhor visual do terreno (noroeste).

A posição do hangar em relação à taxiway busca a cota ideal onde a casa estabelece uma relação mais direta com o terreno em declive, onde as áreas coletivas internas se interseccionam com os jardins que atravessam o pavilhão. Marcando a união entre as duas etapas de construção, um pátio jardim estabelece a interface espacial e temporal entre o hangar e a casa.

Apartamento LB

Reforma extensa de apartamento de cobertura em prédio da década de 50.

Os dormitórios passaram a ocupar áreas originalmente destinadas aos serviços e a cozinha foi reposicionada na área de um antigo dormitório.

A conquista de um solário contemplativo sobre um dos dormitórios, a retirada do forro de estuque e a nova cozinha são as ações marcantes desta intervenção.

Cic do Imigrante

Trabalho realizado como colaborador do escritório b arquitetos, sob a coordenação de Felipe Noto.

A escolha de um local às margens da ferrovia para implantação do Centro de Integração da Cidadania e Poupatempo Imigrantes foi especialmente oportuna, pois possibilitou a materialização da metáfora de seu objetivo principal: o acolhimento.
O projeto se constrói pela organização dos espaços de uso coletivo: um pátio de recepção (Praça do Imigrante) desenha o ingresso dos visitantes e multiplica os potenciais usos do Centro ao se oferecer à cidade como infraestrutura para eventos e reuniões.
O conjunto de edifícios existentes, paralelo à linha férrea conforme demandava seu uso original, é como um grupo de vagões estacionados e – até pouco – subutilizados. Surge, então, o elemento os transforma em comboio: uma estrutura metálica contínua que se desenvolve ao longo dos 300m de orla, capaz de integrar as partes e desenhar cada uma das muitas atividades previstas.
O primeiro vagão, originalmente casa de controle dos trilhos, foi convertido em espaço de recepção e informações, com área para exposições e café e suporte para acesso à internet e recreação infantil. O segundo vagão é o mais longo: 240m de um antigo armazém com imponente estrutura de cobertura recuperada. Intervenções pontuais o qualificam a receber as grandes salas onde funcionarão os serviços da Delegacia de Estrangeiros da Polícia Federal e do novo CIC Imigrantes, um auditório e atividades do Fundo de Solidariedade (Escola da Beleza, Escola da Costura e Padaria Artesanal). O terceiro vagão – este já fora do alinhamento dos trilhos, aberto à rua – complementa o conjunto com uma casa de abrigo temporário, que ocupa e qualifica os quatro pavimentos de um edifício originalmente residencial junto do acesso principal.

Sauna e Cozinha em Gonçalves

A sauna e a cozinha externa encomendadas servem de mote para o desfrute de belas porções do terreno que atualmente são pouco utilizadas. A linguagem das novas construções partiu dos arrimos de pedra existentes na casa principal, integrando visualmente os novos usos com a casa e com o terreno. Coberturas ajardinadas e escadas conectoras estimulam o estar em patamares atualmente pouco utilizados.

Sauna e Vestiário Rio Acima

O bloco de lazer do Sítio Rio Acima é a peça de amarração do projeto. Sua cobertura estabelece uma praça a meio nível entre a piscina existente, a casa sede e a casa do caseiro. A edificação proposta possibilitaria a remoção do quiosque existente e a liberação adequada da orla do riacho adjacente. A cobertura em abobada de tijolos cerâmicos ecoa o anexo da casa sede e reforça o sentido de conjunto arquitetônico da intervenção. A sombra que o beiral projeta no volume cilíndrico dos banheiros recompõe, em luz, o tema do arco que perpassa o projeto.

O bloco não foi construído.

Vila dos Mellos

Paisagem
A cadeia montanhosa da paisagem da Serra da Mantiqueira traz a marca da verticalidade. Como a topografia da região oferece visuais dramáticas de ascensão ou queda, construções horizontais se integrarão melhor a ela. Arquitetura e natureza não devem competir.

Elegemos a horizontalidade como ponto de partida, adotando uma solução pavilhonar. Partimos da maior medida oferecida pelo terreno (14m) para modular a opção de 75m². A disposição longilínea do volume permite uma implantação paralela às curvas de nível, de forma que a altura do conjunto e sua relação com o solo natural mantenha uma proporção bem ajustada. O condomínio Vila dos Mellos não prevê barreiras físicas entre os lotes. Grandes movimentos de terra também devem ser evitados com o mesmo fim de manter a continuidade da paisagem da encosta, sendo assim a privacidade dos moradores está condicionada pelo desnível entre a edificação e os acessos. Tal desnível afasta a experiência doméstica do contato direto com a terra.

Para reinstaurar a relação entre o sítio e a casa, um pátio nos pareceu fundamental: mediação entre certa monumentalidade da natureza e o cotidiano da casa. Uma pequena porção de paisagem contida, internamente integrada à morada, proporcionará uma apropriação do lugar, induzindo um sentimento de pertencimento e vínculo que poderia facilmente se dissolver em uma casa pré-fabricada solta da terra. As varandas cumprem um papel semelhante ao do pátio, na transição entre espaços internos e externos, entre escalas da paisagem.

Acesso
O pequeno pátio acolherá o acesso à edificação. Este espaço compatibiliza situações diversas onde a casa é acessada por cima, por baixo ou em nível: a partir dele o programa se divide entre as áreas social e íntima da casa, usos diurnos e noturnos. O vazio confere maior privacidade à suíte, que pode ser acessada independentemente da área social da casa.

Construção
Na parte alta do terreno será executado um elemento que conjuga as funções de baldrame, calha técnica para instalações e calha de drenagem e desvio de águas pluviais. O baldrame compõe o primeiro eixo longitudinal da estrutura. A calha de instalações oferece flexibilidade para a locação das áreas molhadas em toda a parte posterior da edificação. A calha de drenagem impedirá a erosão do solo abaixo, protegendo o segundo eixo de fundações. Este é composto por blocos de fundação que se prolongam em pilaretes de concreto até a altura do baldrame. Serão 6 pilaretes na casa de 75m² e 5 na de 60m². Sempre espaçados em eixos transversais a cada 2,78m. Vigas metálicas de 6m (padrão industrial) se apoiam no baldrame e no pilarete com vão de 3,6m e balanços de 1,2m – a proporção mais econômica na distribuição dos esforços. O volume da casa, integralmente construído em painéis de CLT, se apoia sobre este conjunto de vigas metálicas. A madeira das faces externas é protegida com painéis avermelhados de Viroc, em contraste com o verde da vegetação. A cobertura recebe telhas termo isoladas que conduzem as águas pluviais ao pátio – tradicional solução em impluvium – através de duas calhas e condutores verticais.

Conforto Térmico
Quando for possível orientar a casa a Norte, a projeção dos beirais nas varandas garantirá que os cômodos só recebam insolação direta nos meses mais frios do ano. O beiral e a proteção das varandas também funcionarão bem se a casa estiver voltada a Leste, filtrando o sol nos horários mais quentes do dia. Se determinada condição exigir sua orientação a Oeste, toldos verticais podem ser acrescentados as varandas para proteger o interior do sol poente. Todos os ambientes da casa desfrutam de ventilação cruzada.

Peixaria Nossa Senhora de Fátima

Não há nada mais sugestivo para a reforma da Peixaria Nossa Senhora de Fátima do que a própria estrutura do mercado de Pinheiros. A peixaria deve ser imaginada como metonímia do mercado, não como um box entre tantos outros. a peixaria é o mercado todo. comentei com o Alexandre , meu cliente, que nesse caso o trabalho do arquiteto é análogo ao do peixeiro, um trabalho de limpeza, de remoção do supérfluo.
A questão do projeto é conciliar as demandas atuais com a potência original do edifício concebido por Eurico Prado Lopes e Luiz Telles. um “monumento em homenagem a Dorival Caymmi” nas palavras de Fabrício Corsaletti.

Para restituir a continuidade da cobertura do mercado e viabilizar a remoção do forro, desenhamos uma peça suspensa à meia altura que abriga as portas de enrolar, o sistema de iluminação e a comunicação visual. As letras , executadas em serralheria, serão retroiluminadas e dispostas contra o fundo branco da peça suspensa. A pintura em azul-marinho ressoa a azulejaria portuguesa que dá identidade à Peixaria Nossa Senhora de Fátima. A posição da peça foi estudada para ser visível em diferentes ambientes do mercado e de modo a não obstruir o espelho que permite que os clientes acompanhem a limpeza do peixe.

Os fregueses da peixaria nsa de fátima são bastante fiéis. O que a peixaria vende de fato, seu diferencial, é o frescor; tanto que é habitual que os clientes peçam para os peixeiros abrirem algumas ostras enquanto aguardam a limpeza e a embalagem de suas encomendas.
Para fisgar novos clientes e acolher o costume da freguesia, imaginamos o bar de ostras em um ponto estratégico, próximo a um dos acessos e à chegada da escadaria interna do mercado.
O desenho curvo do balcão em formato de anzol dialoga com a arquitetura original do mercado, assim como o revestimento de granilite que será aplicado no piso e no bar. Em vez das tradicionais pedrinhas, o granilite da peixaria será agregado com os cacos das conchas de mexilhões e ostras servidas pelo local.

Habitação Social em Samambaia

A proposta apresentada parte da premissa da construção do maior número de unidades habitacionais permitidas pela legislação incidente ao terreno em questão. Além deste objetivo, pretendeu-se ainda potencializar o conforto dos futuros usuários. Surge assim um volume com generosas aberturas em três faces, e correspondentes proteções solares, e uma face, com aberturas mais discretas, onde se localiza a escada.

O edifício é composto por 72 unidades habitacionais. A planta tipo é disposta por nove unidades sendo sete delas o tipo de 58,82m² e duas com a metragem de 60,20m². Todas as unidades são compostas por dois dormitórios e adaptadas à acessibilidade universal.

A circulação vertical mecânica ocupa parte do átrio para onde estão voltadas as áreas úmidas e de pouca permanência das unidades. Para esta área (dita molhada) está prevista uma possibilidade de instalação hidráulica em qualquer ponto da unidade, possibilitando diferentes arranjos internos ou ainda, quando do credenciamento das famílias, a possibilidade de se identificar casos em que sejam necessárias de unidades de um ou três quartos. Agregando-se assim a flexibilidade como mais uma característica da proposta apresentada.

O método construtivo é o da alvenaria estrutural com transição no térreo e estrutura convencional a partir deste pavimento para os subsolos, visando garantir o número de vagas de estacionamento demandadas. Para tanto, considerando a ocupação restrita do lote, tomou-se como recurso a solução de garagens em meios níveis procurando minimizar o volume de corte de terra e decorrentes arrimos. Por fim, quanto ao aspecto formal, entendendo tratar-se de um contexto sem muitas referências, procurou-se um volume que tivesse na proporção e definição de seus elementos um desenho que qualificasse e desse caráter ao território.

A configuração do edifício permite implantá-lo nos cinco lotes elencados, sem prejuízo do conforto dos moradores. As áreas de maior permanência (quartos e sala), sempre voltadas para o exterior do volume, têm iluminação generosa em todas as orientações. A varanda e os elementos de proteção funcionam como quebra-sol, de forma que a insolação direta das horas mais quentes do dia seja barrada, sem comprometer o sol baixo do começo e fim de tarde. Outra decisão que garante o conforto térmico dos usuários é a circulação de ar, que acontece de duas maneiras: na grande escala, o átrio combinado com o térreo em pilotis permite o efeito chaminé e o consequente escape do ar quente. Já na unidade habitacional, garante-se a ventilação cruzada com aberturas para exterior e para o corredor interno.

Moradia estudantil Unifesp

Inserção Urbana:

As dimensões do lote destinado às residências estudantis são análogas às de uma quadra urbana típica, de cem por cem metros, porém com apenas duas frentes urbanas: A Alameda Parque e a Rua General Newton Estilac Leal. O posicionamento dos volumes construídos procura configurar com clareza estas duas frentes e estabelecer uma adequada transição de escalas entre a via local, de uso predominantemente residencial e a Alameda Parque, marcada pelo caráter institucional da universidade.
Transversal à Avenida dos Autonomistas e próxima da estação Quintaúna da CPTM a rua General Newton Estilac é a principal via de acesso do conjunto. Buscamos adequar os passeios com patamares e suaves transições de nível para tornar mais confortável o acesso corriqueiro que inevitavelmente será feito através desta via íngreme.
Na porção mais alta do terreno foi criado um patamar de acesso aos blocos de habitação, este patamar estende a cota da esquina com a rua Elzo Piteri, continuidade mais do que desejada em meio a uma trama urbana tão fragmentada. Desta pequena praça de acesso partem as três lâminas que compreendem os dormitórios, dispostas paralelamente a rua, têm a altura de dois pavimentos na porção alta do terreno, proporção que dialoga com os sobrados do entorno imediato. A medida em que avançamos pelo declive, pavimentos são acrescentados até o desemboque das lâminas com a configuração de quatro pavimentos e pilotis. A extensão horizontal destes edifícios funciona a um só tempo como transição de escala, no porte do edifício propriamente dito, e como índice topográfico, por onde se pode sentir de maneira palpável o desnível. Sua altura é simultaneamente adequada à Rua General Newton Estilac e à Alameda Parque.
Quando nos debruçamos sobre o problema da frente urbana da Alameda Parque, nos pareceu que seria desejável evitar uma ocupação demasiadamente rarefeita, característica de diversos campi no país, cuja escala acaba favorecendo o automóvel em detrimento do pedestre. Procuramos, enfim, evitar que a Alameda se configurasse como um grande espaço desolado.
Para conformar a testada oposta à universidade adotamos uma cota de cobertura que se estende cento e vinte metros até o limite oeste do terreno. A escolha desta cota segue o mesmo raciocínio da praça de acesso superior; trata-se do prolongamento da esquina da Rua Gal. Newton Estilac com a Rua Augusto Teixeira. A adoção deste patamar nível permite, sem maiores esforços, a difícil acomodação de uma porção alta de terra, que devido ao terrapleno da Alameda Parque, opunha à esquina um incômodo aclive de quatro metros em talude.
A esplanada que resulta do desdobramento dos passeios da Rua Augusto Teixeira recebe os pilotis das três lâminas habitacionais e uma quadra poliesportiva. Conforme avança a oeste o declive abre sete metros de pé direito e permite abrigar aqueles programas mais públicos do conjunto gerando a frente institucional que deve qualificar a Alameda Parque.
Um mezanino divide parcialmente este grande espaço, o nível deste pavimento coincide com a cota da esquina da Rua General Newton Estilac com a Alameda Parque. Decidimos tirar partido do desalinhamento nos limites do terreno para criar um platô que desdobra a esquina no mezanino do prédio.
Por fim o nível do térreo será uma extensão franca do chão da universidade, quem cruza sob a cobertura formada pela esplanada encontra um pátio servido por equipamentos como um pequeno auditório, um salão de jogos e uma academia.

Lâminas Habitacionais.

Os edifícios habitacionais estão implantados com orientação Leste-Oeste e compreendem os três tipos das unidades, suas variações para portadores de necessidades especiais e espaços de estar, estudo e lavanderia. O módulo estrutural de 8,40 x 7,65 metros se subdivide em quatro conformando os quartos menores com uma largura livre de 1,8 m. Os demais quartos são múltiplos desta divisão. O quarto-família ocupa três destes módulos e, para compatibilizar sua dimensão com a cadência da estrutura, quatro quartos-família ocupam 3 módulos estruturais.
Os espaços de uso coletivo “intermediários” foram agrupados ocupando o modulo de 8,40 x 7,65m e cada um deles compreende uma sala de estar, uma área para estudos e uma pequena lavanderia coletiva. Achamos que seria prudente explodir a grande lavanderia coletiva, por comodidade aproximá-la do edifício e de outros usos. Imaginamos que o estudante poderia deixar suas roupas lavando e enquanto espera as máquinas de lavar, poderia desfrutar dos espaços de estar ou estudo. Estes módulos se repetem 10 vezes ao longo dos três edifícios.
Os armários estão localizados nas fachadas, o que permite o recuo de 55cm de todas as esquadrias, protegendo-as da insolação e da chuva. Paredes divisórias dos quartos se estendem e complementam o volume dos armários, funcionando como brises verticais. Além disso todas as unidades possuem ventilação cruzada e dupla orientação.
A cobertura do edifício prevê a captação de águas pluviais e a locação de painéis de aquecimento solar.

Método Construtivo.

Os edifícios habitacionais foram projetados dentro de uma modulação de 90cm e todas as lajes devem adotar soluções pré-fabricadas, à exceção de uma banda de concreto moldado ‘in-loco’ que deve acomodar as prumadas hidráulicas e shafts. O embasamento respeita a modulação de 1,25m e sua cobertura pode ser executada com formas reutilizáveis do tipo cubeta.
Na ocasião de um desenvolvimento posterior do estudo pretendemos estudar a viabilidade da utilização de lajes mistas de madeira e concreto, que reduziriam significativamente a pegada ecológica do edifício. Por hora adotamos métodos construtivos amplamente difundidos, com os quais a mão de obra local está familiarizada.
A pré-fabricação também pode ser aplicada aos fechamentos que seguem a modulação proposta em planta. Sem que isso inviabilize uma solução tradicional e provavelmente mais econômica, a construção de todas as alvenarias e divisórias em blocos cerâmicos na modulação de 30cm.

Apartamento Paulista

Reforma de apartamento dos anos 1950 na Avenida Paulista. A intervenção principal foi a modernização das instalações de elétrica e hidráulica e o redesenho da cozinha e área de serviço. O jogo de cores nas paredes altera a sensação de profundidade dos cômodos e atenua a sensação de estreiteza.

Estante Vinco

A versatilidade e delicadeza do sistema de estantes Vinco, um produto que venho desenvolvendo desde 2016, é fruto da pesquisa de diferentes sistemas disponíveis no mercado internacional. As dimensões foram estabelecidas a partir de um estudo de padrões industriais de diferentes objetos.

Há mais de 70 conjuntos instalados amparando os mais diversos tipos de uso, em oficinas, escritórios, casas, cozinhas, salas de estar e mostruários.

Os módulos sempre podem ser rearrajados e permitem um ajuste fino de alturas. As peças surgem de operações concisas de corte e dobra de chapas de aço, que posteriormente recebem pintura eletrostática.

Museu do Ipiranga

O conceito para a fachada do Edifício Monumento leva em consideração a posição geográfica e o seu distanciamento da malha urbana, portanto deveríamos pensar em algo que fosse visto de uma distante perspectiva. Optamos por utilizar postes com refletores afastados para obter uma luz difusa, que possibilitasse a visão do todo, do edifício por inteiro, assemelhando a sua visão diurna, com a elegância que o projeto suscitava. Outro aspecto de se optar pela fonte de luz descolada da fachada é evitar a deformação na arquitetura através de sombras resultantes das muitas reentrâncias que possui o edifício e também a preservação do prédio evitando o encaminhamento de fios e outros equipamentos que obrigatoriamente precisariam ser fixados. Nossa interferência se limita ao entorno próximo ao Edifício Monumento e não se estende ao jardim e nem ao conjunto de fontes.

Campus do Colégio Pequeno Príncipe

Para uma estrutura equilibrada e de execução ágil e limpa, além de econômica, o modo de projetar foi fundamentado em uma modulação que percorre todo o campus, o que dá unidade ao conjunto. A estrutura dos blocos foi construída em concreto armado, com pilares e vigas moldados in loco, e lajes pré-fabricadas. A materialidade construtiva é exposta, assim como as instalações elétricas e hidráulicas.

Brises e sheds, responsáveis pela proteção solar e de ventilação, respectivamente, estão presentes em cada bloco. Estes dispositivos também são os pontos de cor do campus: azul para os brises verticais e horizontais em steelframe, e terracota para o brise inclinado em telha ondulada perfurada. Os sheds e coberturas metálicas têm estrutura de aço pintada de verde.

Todas as instalações da iluminação são aparentes e seguem o espírito do projeto. Neste caso o caráter da luz artificial é complementar e marcadamente distinto da luz natural que invade os espaços pelos brises e sheds.

Loja Teto Casa

Projeto luminotécnico para loja de móveis na galeria metrópole em São Paulo.

Arquitetura – equipe teto casa

Janeiro/2024

Casa São João da Boa Vista

O projeto de iluminação procurou realçar as qualidades do projeto arquitetônico. A casa é marcada pela sucessão de planos oblíquos de textura marcante. Para iluminá-los corretamente estabelecemos quais planos ficariam em contraluz e quais acenderiam, destacando a rica volumetria da casa. Internamente evitamos pontos de teto para minimizar as interferências na cobertura variável. O muro de pedras do acesso é iluminado através de um perfil de LED acoplado ao corrimão.

Casa dos Terraços Circulares

O projeto de iluminação da casa dos terraços circulares estabelece uma linha de luz sutil na varanda que circunda a casa e um nivel controlado de luz na sala de estar, para evitar a prevalência de reflexos indesejados. Para os quartos e escritório, produzimos uma versão de uma arandela da Charlotte Perriand que posibilita o direcionamento do facho. As luminárias da Reka foram utilizadas em situações muito diversas: ora apontadas ao forro e ora pendentes sobre a cozinha, sem que se perca o sentido de unidade. Graças ao desenho conciso do Ricardo Heder, com quem tive a oportunidade de trabalhar em outros projetos.

Sesc Campo Limpo

Projeto luminotécnico para as áreas externas e internas da nova unidade do Sesc Campo Limpo.

Espaço Quitanduba

Projeto de iluminação de baixo orçamento para o espaço de eventos da rua Quitanduba.

As luzes baixas e suaves nas áreas externas não competem com o espetáculo do céu noturno do bairro do butantã

 

Sede da Empresa Giral

A proposta para a iluminação deste conjunto de escritórios buscou, além de atender aos pré-requisitos de conforto e economia, tirar partido da transparência do edifício e de seu formato inusual, de planta triangular.
O pavimento superior e o intermediário abrigam atividades corriqueiras de trabalho, bancadas e mesas de reunião, etc. Nestes andares buscamos resolver a toda a iluminação com duas grandes luminárias. Uma delas paralela à maior fachada do edifício com 12 metros de comprimento e a outra perpendicular à fachada contígua. Com este arranjo a geometria particular dos pavimentos é reforçada e a continuidade das faixas de luz, em ambos os pavimentos, confere unidade ao conjunto e indica que todo o edifício é ocupado por uma única empresa.
O pavimento inferior tem usos variados e pode ser configurado como um espaço de eventos ou pequeno auditório. Como a flexibilidade demandada nessa situação pedia uma iluminação geral e sem centros focais optamos por pequenos tubos de led dispersos no ambiente. Estes, quando acesos, produzem um divertido efeito de extensão do espaço pelos reflexos angulosos da fachada.

Nota: o projeto teve execução parcial e pontualmente difere do especificado.

Luminária 1”

A luminária 1″ foi projetada através da apropriação de componentes produzidos industrialmente e em larga escala, porém normalmente utilizados para outros fins.

A conjunção de diferentes peças industriais demandou ampla pesquisa das medidas, bitolas e diâmetros disponíveis no mercado e a baixo custo.
Relativamente novas no mercado, as lâmpadas do tipo T5 tem diâmetro de apenas 16mm, sua dimensão reduzida é pouquíssimo explorada no design das luminárias que a empregam. A espessura de 1″ foi o menor dimensionamento possível para a luminária, deixando o protagonismo não ao objeto, mas à luz por ele emitida.

A luz direcionável responde aos diferentes usos demandados pelos usuários; da iluminação direta, adequada à leitura e trabalho, para a indireta, mais adequada para atividades de lazer e descanso.

O sistema adotado é econômico tanto em sua produção como no consumo de energia. A luminária poderá ser produzida a baixo custo sem perda qualitativa.

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